Tal como disse na publicação anterior, hoje falarei sobre o acidente de carro que tive no dia 19 de Agosto, à noite.
Vínhamos na Vasco da Gama e, tínhamos um evento marcado mas, para isso, teria de vir connosco da mãe da IC. Assim, fomos directos à casa dela buscar a mãe e, de lá, fomos directos a uma terra chamada... Aruil que, para mim, é uma terra lá prós lados de Mordor (a distância é incrivelmente longínqua e o nome não lembra a ninguém!). Depois do que fomos lá fazer, íamos voltar para casa da IC, deixar as senhoras (visto que a NM ia dormir na casa dos pais da IC). No caminho, e visto que fazia imenso calor, eu e a mãe da IC, resolvemos abrir as janelas, para refrescar o ambiente. E a viagem corria bem. O AT ia a conduzir, a 20 Km/h, como sempre; a IC ia à pendura, a indicar-lhe o caminho; atrás da IC, a mãe dela; no meio ia a NM e, eu, ao lado da NM e, ao mesmo tempo, atrás do AT, o condutor. De repente, tudo aconteceu.
O meu melhor amigo ligou-me, fui ao telemóvel rejeitar a chamada (isto eram 22:51h) e, passado 2 segundos, sente-se o primeiro impacto, no lado direito frontal do carro - impacto leve. Logo a seguir sinto outro estrondo no meu lado e ai sinto o carro a rodopiar sobre si próprio e, logo depois, um forte e seco impacto, novamente no lado direito, ao pé dos faróis... e tudo parou. Não sei precisar quando mas, logo no inicio de isto tudo, os airbags do lado direito do carro foram accionados e só via luz branca e um pó branco no ar (vim a saber que esse "pó branco" eram gotículas de água, devido à explosão do radiador). Ao longo deste tempo - que me pareceu tudo em câmara lenta - só rezava para o carro não capotar e para não cairmos para nenhuma ravina..... Nós não sabíamos onde estávamos, estava noite cerrada e sem luz na rua, quem ia nos bancos de trás (o meu caso) não levava cinto, as janelas iam abertas e, havendo uma grande travagem, a NM poderia ser cuspida para o vidro da frente.... Mas, felizmente, nada disso aconteceu! Voltando ao ultimo impacto: quando o carro tinha finalmente parado, houve aquele momento de silêncio de "já está". A mãe da IC, chamava pelos nossos nomes e prontamente respondíamos. A IC, em pânico, só gritava "A porta não abre! A porta não abre!" A mãe lá dizia p'ra se acalmar. Eu aí lembrei-me que poderia abrir a minha porta, não estava a conseguir mas, depois, lá abri e, num ápice, já estava tudo cá fora.
Quando cheguei cá fora, vi que tínhamos ido contra um muro de pedra e que, o trajecto do acidente foi bastante curto.... mas pareceu-me que foi longo e demorado. Rapidamente, chegaram até nós populares da zona e habitantes de casas térreas que viviam ali. As duas raparigas entraram num choro compulsivo e estavam as ser acompanhadas pelas pessoas dali. A mãe da IC, estava a tentar acalmar o AT, pois o carro dele.... é da mãe. Eu, ali estava, a tentar perceber o que tinha acontecido e a tentar não ceder. Quando sai do carro, comecei a sangrar do nariz e estava com algumas tonturas - apesar de ser aconselhado a sentar-me, recusei. Comecei a ficar com algumas dores..... na cana do nariz, pescoço e coxis. Mas, eu não era o pior. A mãe da IC, tinha a mão direita inchada, tal como a cara, perto do olho direito - na prática, foi ela que levou com todo o impacto, visto que a filha, que ia à frente, levava cinto. Entretanto, chegou o pai da IC que chamou prontamente a policia e os bombeiros para verem como nós estávamos.
Como foi o acidente? Houve um ligeiro embate frontal que, foi o nosso carro que ficou pior. O outro condutor lá estava, numa boa.... sendo a culpa dele! Chegou a policia e.... 3 ambulâncias, sendo uma do INEM (parecia o final de um filme de acção, quando o protagonista precisa de ajuda, não há nada e, depois, tudo aparece.... e em força!). Um médico chegou ao pé de nós e começou a dividirmos. Fui para uma ambulância e começaram a medir-me a tensão.... 140/120. A mais experiente disse à mais nova "Volta a medir, isso está errado!" Voltou e deu 140/100. A glicemia estava francamente baixa.... mal tinha comido o dia todo! Entretanto chegou a IC para a minha ambulância e fizeram os mesmos testes. Escreveram numa ficha do que nos queixávamos e foram mostrar ao médico. Passado muito tempo, o médico veio até nós e perguntou-me "Ao mexeres os dedos do pé, sentes algum formigueiro ou dor no coxis ?" eu.... "ahh.... sim, doí-me o coxis.." ele prontamente "Imobilizem-no!"... Pânico!! Eu olho-o e digo "O quê?......." o dr "Só para prevenir!"..... entro em pânico. Começo imediatamente a chorar e a soluçar, e a pensar que posso ficar paraplégico e nunca mais voltar a andar, ao mesmo tempo, começo a sentir as mão esquerda a ficar tremente, aviso os bombeiros disso e dizem-me para me acalmar imediatamente, que tinha a tensão alta e que tinha que em acalmar. Mais eles repetiam isso, mas eu chorava e chorava....... ficar paraplégico?!
A minha mobilização foi igual a essa, mas com mais cintos de segurança |
Depois de totalmente imobilizado, o choro já era cada vez menor e, ainda me puserem a oxigénio (3 litros) e fomos rumo.... ao Hospital Santa Maria. Na viagem, que foi longa, tinha ao meu lado esquerdo, sentada, a IC. Ao longo da viagem tentavam animar-me e a IC, tirou-me uma fotografia (para mostrar aos meus netos lol). Finalmente chegamos. Entrei às 00:45h à porta das urgências do Santa Maria e fui encaminhado p'ra uma sala que estava cheia de gente. Eu, mal conseguia mexer o pescoço, devido a tudo aquilo que podem ver na imagem em cima, mas, podia ver que havia uma mulher loira lindíssima (foi a que me atribuiu a minha pulseira amarela) e montes de homens... uns giros e outros nem tanto.... Entretanto, liga-me o meu melhor amigo que, já o tinha informado do acidente (via sms), e passo o telefone a um enfermeiro ou médico que lá estava e, só ele sabia. Todos os outros ocupantes do carro em que seguia, tinham comunicado à família.... menos eu. Estava, portanto, no hospital, completamente sozinho e, caso algo acontecesse, ninguém sabia de mim... só o meu melhor amigo, que nem estava em Lisboa! Porque motivo que não informei a minha mãe? Provavelmente ela não viria ao meu encontro, no hospital ou, caso viesse, teria entre mãos mais um problema ou ficaria mais preocupado com o meu estado de saúde..... precisava de tudo menos de mais merdas à minha volta - orgulhosamente só? Talvez.
Entretanto fui fazer um raio X e uma ecografia abdominal (também me doía a ultima costela do lado esquerdo [ainda hoje me doi]) e, segundo a médica, no final, não tinha nenhuma fractura e, a dor que tinha no pescoço poderia do efeito chicote que a minha cabeça pode ter dado, no acidente (apesar de, quando comecei a sentir o impacto, tentei proteger-me em concha [subindo os joelhos e inclinando o tronco, protegendo a cara com as mãos]). As 4 e tal da manhã, tive alta, sem mais pormenores. Apenas uma médica perguntou-se se tinha parecetamol em casa, disse que sim e manou-me embora; disse também para eu, nos dias seguintes, apenas fazer o que o meu corpo conseguisse, devido às dores - disse também só só iria perceber o que estava a dizer, no dia seguinte! Duas palavras: me-do! lol
O pai da IC, trouxe-me a casa e contou-me as novidades: A NM tinha ido para casa, com a mãe e apenas ficou com o joelho esquerdo negro e com dores; o AT não teve nada, e a mãe levou-o a casa; a IC não fracturou nada, apenas ficou magoada na mão esquerda; a mulher dele, essa, ao fazer o raio X começou a vomitar e diagnosticaram uma hemorragia interna e tinha que ficar no hospital (só iria ter alta na 5feira à noite).....e, a final, a culpa do acidente tinha sido nossa - o AT não respeitou um sinal de cedência de passagem e, nós, não deveríamos ter seguido em frente, mas sim, virado à esquerda... Todavia o AT já recusou isto e disse que a culpa era do outro que, estaria bêbado...
Apesar de todo o aparato, ninguém morreu ou ficou francamente mal...... o que, na minha opinião, foi um milagre..... tinha todos os ingredientes para ter sido uma tragédia e para eu, ter morrido. Não aconteceu, felizmente. Apenas fiquei com algumas dores nos sítios que falei e com um galo enorme na parte de trás da cabeça.... hoje, já estou muito melhor, como todos aqueles que seguiam no carro comigo (e já não tenho o galo!!!). =)
E porque não era daquele dia que eu ia morrer... lol A paródia aqui.
Beijinhos e portem-se mal!! ;)