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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Bodas de Prata

Olá!

Vrai, hoje faço 25 anos. É, estou a ficar velho.

De ano para ano, ao acrescentar mais um ano à minha idade, sinto falta do que perdi. Não sinto saudades do passado - sinto pena é de não ter a mesma meninice, a mesma ingenuidade. Sinto falta dos Verões longos e sem preocupações. Sinto falta da emoção da descoberta e da ânsia pelo crescimento. Sinto falta de sonhar.
A vida é dura. Não há espaço para a originalidade, a diferença, o sermos nós próprios. A vida chega a ser cruel. Temos de ser como a puta da sociedade nos manda. Temos de ser se não... não teremos um bom emprego (aliás, nem tem de ser bom para não o conseguirmos), um bom ordenado, respeito onde vivemos.

Nesta altura fico sempre assim. Fecho-me, não quero falar, e faço questão que ninguém saiba que faço anos. Aliás, ninguém sabe o dia em que faço anos. Para quê aquela hipocrisia dos "Muitos parabéns!"?? Vão p'ró caralho. Não preciso disso. Preciso que as pessoas estejam lá, todo o ano, para os bons e maus momentos e, isso, pouca gente está disposta a fazer. Ninguém quer "perder" tempo com ninguém. É tudo uma jogatana de interesses e, eu, não sou desses. Bardamerda para quem assim pensa, que seja muito feliz no seu Mundinho perfeito de fadas e dragões.

Depois bate em mim uma profunda prolepse da minha vida. Penso em todos os maus momentos da minha vida que, até agora, já foram muitos onde, a maior parte deles, tive que os ultrapassar sozinho. E, estar sozinho não é bom. Estar sozinho faz-me lembrar se vale a pena ultrapassar as coisas porque o futuro é tão incerto e... porque as coisas boas não acontecem às pessoas boas? Eu sou uma pessoa boa.

E fico triste. Muito triste. Penso em coisas maradas. Em coisas idiotas. Mas penso que esteja equilibrado - mesmo estando sozinho. É duro, é difícil manter-me equilibrado. Sinto-me como um alcoólatra... há sempre aquela tentação, sempre. Há sempre a hipótese de "só molhar os lábios", mas não, não pode ser. "Equilíbrio, equilíbrio!" - penso eu. Há que ter força. Mas valerá a pena? Compensa ter a força de manter-me equilibrado, perante o desconhecido futuro? Será?

Por continuar a achar que o futuro vai-me trazer algo de incrivelmente maravilhoso, é que continuo sem tocar uma "gota" que seja. "Equilíbrio, equilíbrio!"... Não imaginam a força que é preciso ter para continuar a andar sobre a lâmina da vida, que apenas nos golpeia e a sangue frio.

Aprendi a ter Amor ao futuro. Aprendi a ter esperança pelo que virá. Aprendi que Ele escreve "direito por linhas tortas". Aprendi em acreditar em tudo. Aprendi até - vejam só - em acreditar em mim. Em mim? Mas quem é que acredita em mim? Ainda por cima eu? Acreditar em mim, depois de saber tudo o que sei a meu respeito? Sim, acreditar: aprender a perdoar-me e a merecer ser feliz.

Mas ser feliz? Ainda por cima eu? Mas o que faço para ser feliz? Há tanta gente no Mundo, porque motivo é que eu seria feliz? O que é ser feliz neste Mundo? Porquê ser feliz?

Serei algum dia feliz? Não sei. Mas às vezes o caminho leva-nos a lugares estranhos, onde a saída não é evidente aos olhos dos outros, mas é o caminho mais difícil para quem o percorre.

Tenho dentro de mim um eu que urge em emergir. Não sei já o tamanho que ele ocupa na minha imensidão, ou o que ele anseia a meu respeito. Tenho medo que um dia seja já o último.

Que voz, que letra, que interpretação - Dalida, Je Suis Malade.




Beijinhos e portem-se mal!! ;)

P.S. - Dia 13 de Abril, estreia em Portugal, o filme "Dalida", sobre a vida e obra desta... corajosa.

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