Tenho medo. Cada vez mais.
Há coisas que prefiro nem saber, para não ficar neste estado. A chorar. Que nem uma criança. A vida consegue ser uma merda. Injusta. Tão injusta! Porquê tirar a vida, a quem precisa dela? Porquê a dor? O sofrimento? A angustia? O prazo de validade que, um médico, nos atribui? Que Medicina é esta, que nos dá uns meses de vida? Que Deus é este, que tira a mãe a um filho... com tempo contado!
O que sobra depois do fim? |
Quando soube na noticia, não me tocou muito mas, de dia para dia, tem sido pior. A família da minha mãe, já praticamente toda a gente com mais de 40 anos, já teve (ou tem) cancro... principalmente na mama. Tenho casos, na minha família, de grande luta contra este monstro... sem sucesso. É tão, mas tão triste. Sentimos-nos tão derrotados.
Cada vez ando mais sensível neste assunto. Outro dia, lanchei com uma amiga e, ela disse que o marido dela tinha morrido de cancro no fígado, há uns anos e... comecei a chorar. E depois ela também. Quando já estávamos melhores, contei o meu histórico familiar e... mais choro. Toda a Padaria Portuguesa ficou "WTF" para nós... lol
Irei a mais um enterro. Não sei quando. Não sei quem será a próxima pessoa. Mas haverá "alguém". E isto faz-me pensar tanto. Mas tanto. Sinto-me estúpido. Sinto-me infantil. Sinto-me dramático. Mas também sinto-me só. Quando sei destas coisas, prefiro não saber. Para quê lutar? Para quê a radioterapia? Para quê a decadência humana? Sinto que preciso de fumar. mas não fumo. Preciso de um vitan. Mas não posso. Tenho que manter-me equilibrado!! Equilíbrio! Tenho que aprender a lidar com as minhas emoções e, não, andar com antidepressivos. Estou sóbrio há uns anos e, quero assim continuar.
Esta minha amiga, faz voluntariado no IPO, com o objectivo de ajudar quem lá está. Eu seria incapaz. Incapaz. A vida é tão merdosa. A vida é tão fodida. A vida é tão injusta. O que poderei eu fazer? Tornar-me insensível? Não querer saber, de facto? Enquanto resposta não tenho, não tomo resposta. Continuarei a, sei lá, viver, ou lá como se diz. Sempre no fio da navalha. Sempre à espreita. Sempre com o medo de desabar tudo. Mas porque só penso em mim, e não nela? Não sei, não sei.
Por mais que escreva, fogem-me as palavras certas. Foge-me o que realmente quero dizer. Mas eu nem sei que sei o que quero saber. Estou confuso com isto tudo. Quando sabemos o nosso prazo de validade, como devemos agir? Quem podemos culpar? E como, os outros, devem agir? Porque o doente, mesmo em fase terminal, não perde a sua dignidade. E onde está a dignidade, quando estamos a morrer? Como se deixa uma vida feita, filhos... e sonhos. E os sonhos! Como se vive sabendo da verdade? Luta-se? Luta-se, pelo quê, por quem, e como? Só encontra-se a solidão, quando estamos sós. O Amor não supera tudo, porque até a Saudade é Amor. Resta-nos o fim.
Porque é Fado. Porque é Amália. Porque é, Júlio Resende.
Beijinhos e portem-se mal!! ;)
Quando sabemos o nosso prazo, se eu soubesse fazia tudo aquilo que sempre desejei fazer ir onde nunca fui, ver aquela peça que nunca vi, ler aquele livro, ir viajar .... é tudo uma questão de possibilidades financeiras e da própria disposição física da pessoa... Muita força nesta hora e pensamento positivo, pode ser que a tua prima consiga vencer o " bicho". Um abraço MUITO grande.
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